Parque

Cotidiano Extraordinário

O parque é um espaço que está sempre habitado e em constante transformação, tanto pelas ações das crianças quanto pela própria natureza e suas mudanças.

Quando um grupo chega nele, encontra folhas, insetos, outras crianças e brincadeiras inacabadas – vestígios de quem passou por ali. É neste ambiente que um grande grupo se transforma em outros menores, ou se funde com outro, formando duplas, trios, quartetos e incorporando outras crianças nessas configurações.

No estreitar dessas relações, o imaginário, o desafio motor e a exploração sensorial unem-se em uma explosão de brincadeiras e desejos, revelando a cooperação e a capacidade de resolução de situações das crianças. São vivências que se remetem sempre ao currículo, que se revela no elo entre os conhecimentos prévios, as possibilidades do espaço e a passagem de competências que as relações proporcionam.

Assim, as crianças elaboram e transformam regras e papeis sociais, desafiam seus corpos, cuidam do espaço e dos materiais e vivenciam a cultura comum a todas. Aprendem a respeitar os desejos do outro e de si, mesmo que, para isso, seja necessário encontrar um esconderijo.

Com curiosidade, surpresa, fascínio e deslumbramento, ao explorarem os elementos da natureza, as crianças pesquisam as folhas caídas no chão, os insetos escondidos, o som da chuva pingando na terra, as transformações, a trajetória da bola e as relações de força e velocidade enquanto balançam.

Ao tocar a areia, sentem seus pequenos grãos em contato com a pele, percebendo a textura e a temperatura do elemento, um encontro da matéria com o ser, permitindo assim, investigações profundas em suas inteirezas.

A estrutura do parque permite explorações específicas a cada uma das diferentes idades. Enquanto as crianças do berçário intensificam suas sensações táteis por meio das diferentes texturas e materiais, as crianças do fundamental dão novos significados a esses elementos, criando novas investigações. No maternal, elas apropriam-se do espaço e exploram na verticalidade e horizontalidade que o parque lhes apresenta.

As crianças do G1 e do G2 se desafiam nos brinquedos que antes observavam: nas gangorras, na teia de acesso ao brinquedão e no escorregar pelo cano. A construção e elaboração de regras intensificam-se por meio do brincar das crianças do G3 e do G4, ampliando as possibilidades de investigação que o espaço proporciona.

As narrativas que emergem das brincadeiras no parque contam sobre o universo imaginário das crianças. Os esconderijos se tornam habitat de terríveis dinossauros; na casa da árvore, habita uma família em seu delicioso café da manhã; o brinquedão torna-se a caverna do mais poderoso super-herói. Assim, nas relações estabelecidas com o outro, a criança vivencia a infância de maneira brincante. O parque transforma-se em um espaço de experiências sensíveis no qual as crianças tornam-se tudo o que podem ser.

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