Contextos de Investigação

Cotidiano Extraordinário

Os bebês e as crianças constroem relações, brincam, fazem indagações e buscam respondê-las, comunicando a todo instante suas descobertas, hipóteses e necessidades. Como podemos tornar visível o significado e o sentido do que os bebês e as crianças dizem e fazem, instigando não só a curiosidade, mas auxiliando no aprofundamento e reflexão de suas próprias teorias?

O contexto investigativo expressa a escolha por um projeto de construção da escola, dentro de um projeto de sociedade. A escola em que acreditamos e que queremos construir é pautada por uma concepção de mundo que entende o conhecimento historicamente produzido como direito das crianças em um processo de produção coletiva contínua. Entender as crianças como sujeitos políticos, ativos de um processo como este, orienta o nosso olhar para a construção do conhecimento em cada um dos momentos de suas vidas.

O cotidiano da escola é permeado por situações de aprendizagens das mais diversas: situações que emergem da própria vida em coletivo, característica inerente a qualquer escola, e da organização intencional, por parte dos educadores, destas situações de aprendizagem. Para tanto, temos buscado estruturar um cotidiano que compreenda a função social da escola para além da reprodução de informações. Assim, é necessário que estejamos instrumentalizados para oportunizar possibilidades significativas de experiências às crianças, capazes de viabilizar a elas a construção da sua própria leitura de mundo.

As crianças encontram, para indagar sobre a realidade, os espaços, os objetos, os outros e a si mesmas. Essa capacidade relacional-inventiva da criança gera, além dos questionamentos levantados, hipóteses que explicam os fenômenos observados e vividos por cada uma. A partir das suas experiências inaugurais, as crianças elaboram um conhecimento de mundo.

Desse modo, tudo o que a criança julgar digno de atenção será motivo de interesse e investigação. Este processo é subjetivo. Cada criança se empenhará, à sua maneira, a desenvolver e testar os conceitos que elabora, porém, à medida que compartilha suas pesquisas e seus achados com os outros, escuta outras ideias ou é confrontada com novos modos de sentir, pensar e agir, notará uma diversidade, atualizando seu desejo de indagar o mundo, de aprender em relação.

Compreendido como o momento de formalização das investigações, o contexto investigativo se estabelece pela relação entre interesse do grupo, escuta do educador, características das crianças e currículo. Assim são criados espaços concretos que dão forma às indagações suscitadas, respaldadas por meio de intenções que organizam esses espaços, as diferentes configurações de grupos, os materiais e os procedimentos de investigação.

Estas estruturas formais possibilitam que a criança acesse sistemas de conhecimento consolidados socialmente e construa suas hipóteses de entendimento de mundo, além de aprofundar a investigação por meio de processos em que subjetivem, representem e abstraiam o sujeito de pesquisa instituído.

Compreender o contexto investigativo como possibilidade para construção de conhecimento específico, dialogando com elementos curriculares, garante o desenvolvimento integral das crianças por meio de experiências protagonizadas por elas mesmas.

Chamamos de sujeito o “objeto de pesquisa” do grupo, assim sugerindo a construção de uma relação que transforma tanto quem pesquisa quanto quem é pesquisado.

Exercitando a escuta dos interesses e conhecimentos das crianças, colocamos em prática a projetação: projetos em ação, que aprofundam as pesquisas e amplificam as experiências e conhecimentos das crianças dentro de temas significativos para elas, a partir do movimento contínuo de planejamento, reflexão e reelaboração da prática, de forma que essa abordagem atribua sentidos ao protagonismo infantil.


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