Documentação Pedagógica



 

O currículo da escola não coincide somente com a organização das atividades didáticas que se realizam nos grupos de crianças, nos espaços externos, nos laboratórios, nos ambientes de vida comum, mas se explica em uma integração equilibrada de momentos de cuidado, de relações, de aprendizagem, em que as mesmas rotinas (a entrada, as refeições, o cuidado com o corpo, o descanso etc.) desenvolvem uma função de regulação dos ritmos do cotidiano e se oferecem como “base segura” para novas experiências e novas solicitações.

A documentação é uma abordagem do fazer pedagógico - estrutura as teorias educativas e didáticas, já que dá valor e torna explícita, visível e avaliável a natureza dos processos de aprendizado subjetivos e de grupo das crianças e dos adultos, individualizando por meio da observação, tornando-os um patrimônio comum.

Sendo assim, a documentação não é mero registro dos acontecimentos, mas uma abordagem de pesquisa que representa uma dimensão de vida essencial das crianças e dos adultos, uma tensão cognitiva que é reconhecida e valorizada. A pesquisa participada entre adultos e crianças é prioritariamente uma práxis do cotidiano, um comportamento existencial e ético necessário para interpretar a complexidade do mundo, dos fenômenos, dos sistemas de convivência e é um instrumento eficaz de renovação educacional. A pesquisa visível por meio da documentação constrói aprendizados, reformula saberes, fundamenta a qualidade profissional, propõe inovação pedagógica.

A ação educativa toma, através da projetação, da didática, dos ambientes, da participação, da formação do pessoal, e não por meio da aplicação de programas definidos. A projetação é uma estratégia de pensamento e de ação respeitosa e solidária com os processos de aprendizado das crianças e dos adultos, que aceita a dúvida, a incerteza e o erro como recursos capazes de modificar-se de acordo com os contextos, dando sentido e intencionalidade ao cruzamento dos espaços, tempos, rotinas e atividades, promovendo um contexto educativo coerente, por meio de uma direção pedagógica apropriada. É por meio da sinergia entre a organização do trabalho e a pesquisa educativa, processos de observação e documentação que a projetação é incorporada.

O papel do professor se foca na provocação de ocasiões de descoberta por meio de um tipo de escuta atenta e inspirada e na estimulação do diálogo, da ação conjunta e da (co) construção de conhecimentos das crianças. Sua atuação deve acontecer em termos sistêmicos e circulares, e não segmentados e lineares. Tal circularidade – ou melhor, espiralidade – é vista na revisitação, um componente frequente do processo de aprendizagem. Não se espera que as ações do professor aconteçam em determinada ordem ou de uma só vez, mas que se repitam em ciclos de revisitação e representação.



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